O que os investidores chamam de
startup?
Muitas pessoas dizem que qualquer
pequena empresa em seu período inicial pode ser considerada uma startup. Outros
defendem que uma startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos,
mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Mas há
uma definição mais actual, que parece satisfazer a diversos especialistas e
investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de
negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.
Apesar de curta, essa definição
envolve vários conceitos:
– Um cenário de incerteza significa
que não há como afirmar se aquela ideia e projeto de empresa irão realmente dar
certo – ou ao menos se provarem sustentáveis.
– O modelo de negócios é como a
startup gera valor – ou seja, como transforma seu trabalho em dinheiro. Por
exemplo, um dos modelos de negócios do Google é cobrar por cada click nos
anúncios mostrados nos resultados de busca – e esse modelo também é usado pelo
Buscapé.com. Um outro exemplo seria o modelo de negócio de franquias: você paga
royalties por uma marca, mas tem acesso a uma receita de sucesso com suporte do
franqueador – e por isso aumenta suas chances de gerar lucro.
– Ser repetível significa ser capaz de
entregar o mesmo produto novamente em escala potencialmente ilimitada, sem
muitas customizações ou adaptações para cada cliente. Isso pode ser feito tanto
ao vender a mesma unidade do produto várias vezes, ou tendo-os sempre disponíveis
independente da demanda. Uma analogia simples para isso seria o modelo de venda
de filmes: não é possível vender a mesmo unidade de DVD várias vezes, pois é
preciso fabricar um diferente a cada cópia vendida. Por outro lado, é possível
ser repetível com o modelo pay-per-view – o mesmo filme é distribuído a
qualquer um que queira pagar por ele sem que isso impacte na disponibilidade do
produto ou no aumento significativo do custo por cópia vendida.
– Ser escalável é a chave de uma
startup: significa crescer cada vez mais, sem que isso influencie no modelo de
negócios. Crescer em receita, mas com custos crescendo bem mais lentamente.
Isso fará com que a margem seja cada vez maior, acumulando lucros e gerando
cada vez mais riqueza.
Os passos seguintes
É justamente por esse ambiente de
incerteza (até que o modelo seja encontrado) que tanto se fala em investimento
para startups – sem capital de risco, é muito difícil persistir na busca pelo
modelo de negócios enquanto não existe receita. Após a comprovação de que ele
existe e a receita começar a crescer, provavelmente será necessária uma nova
leva de investimento para essa startup se tornar uma empresa sustentável.
Quando se torna escalável, a startup deixa de existir e dá lugar a uma empresa
altamente lucrativa. Caso contrário, ela precisa se reinventar – ou enfrenta a
ameaça de morrer prematuramente.
Startups são somente empresas de
internet? Não necessariamente. Elas só são mais frequentes na Internet porque é
bem mais barato criar uma empresa de software do que uma de agronegócio ou
biotecnologia, por exemplo, e a web torna a expansão do negócio bem mais fácil,
rápida e barata – além da venda ser repetível. Mesmo assim, um grupo de
pesquisadores com uma patente inovadora pode também ser uma startup – desde que
ela comprove um negócio repetível e escalável.
Um artigo de Yuri Gitahy, especialista em startups
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