quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Como fazer um estudo de mercado para abrir uma empresa



Fazer um estudo de mercado é um passo essencial a dar antes de abrir uma empresa. Sem realizar uma pesquisa de mercado uma empresa não consegue ter uma correta perceção da aceitação do seu negócio.
Para levar a efeito a pesquisa pode-se contratar empresas de estudos de mercado ou então realizar o próprio estudo de mercado, numa solução mais trabalhosa, mas mais económica. É nesta segunda opção que nos centramos.

1. Formalizar as questões do estudo
O estudo deve estar focado para a obtenção das respostas às principais dúvidas do empreendedor, como por exemplo:
·         Quem será o público-alvo do negócio e qual o tamanho deste público?
·         Que informações devo saber sobre o público?
·         O quanto estará o público disposto a gastar nestes produtos?
·         Que preços colocar nos produtos ou serviços?
·         Qual a concorrência neste ramo?
·         Quais são os ganhos da concorrência?
·         Quais são os pontos fortes e fracos da concorrência?
·         Como se comporta o mercado nesta área?
·         Quais são os elementos diferenciadores dos produtos ou serviços?
·         O que pode melhorar e distinguir uma empresa na área?
O objetivo é perceber o perfil dos clientes e os comportamentos de consumo na área, para descobrir a recetividade à abertura de uma nova empresa.

2. Pesquisar dados sobre o público e a área
Uma vez identificada a informação desejada, é altura de passar à sua procura e recolha. Nesta fase pode-se consultar indicadores demográficos, dados de consumo interno e externo, analisar serviços existentes num determinado raio geográfico, etc.
Muita desta informação pode ser obtida gratuitamente online, em sites como o INE, por exemplo. Os ministérios, as juntas de freguesia, as associações comerciais e industriais, estudos de mercado já existentes e a imprensa podem também ajudar à pesquisa.  
Investigue os sites da concorrência e o feedback atribuído pelos clientes aos produtos comprados para descobrir lacunas e possíveis elementos diferenciadores.

3. Fazer inquéritos
Para além de obter dados gerais de modo indireto interessa saber concretamente o que os potenciais consumidores pensam de um novo negócio. Para isso é necessário realizar inquéritos a uma amostra cuidadosamente escolhida. Pessoas conhecidas não devem ser entrevistadas, pois podem enviesar os resultados.
Trace um questionário tendo em conta as perguntas colocadas inicialmente para medir a abertura do mercado a um novo negócio. Depois escolha um vasto público alvo para aplicar esse mesmo questionário.
Pode realizar questionários online de forma a abranger uma amostra significativa de pessoas.

4. Analisar os dados recolhidos

Uma vez recolhido um número considerável de estudos e de inquéritos está na hora de compilar e analisar os dados.
Pode estabelecer uma estrutura para quantificar e esquematizar os resultados obtidos nos inquéritos. Consoante estes resultados conseguirá deliberar sobre o potencial do mercado, a recetividade do consumidor e viabilidade de um negócio. Em caso positivo é importante traçar um plano de negócios.

Características de um plano de negócios
Deve ser escrito pelo empreendedor, para o que pode contar com a ajuda de colaboradores ou consultores, mas é sua a principal responsabilidade. Cabe a ele justificar e defender o plano, e avaliar sua validade para lhe servir de guia na gestão do empreendimento. Mas não é por isso que o plano pode ser confuso ou pouco inteligível.
De forma geral, o plano de negócio deve ter as seguintes características:

(a) Objetividade
O plano de negócio deve estar focado nas características e necessidades de um empreendimento específico. As informações e análises constantes no plano devem ser delimitadas àquelas necessárias para compreender como o negócio será implementado e os resultados pretendidos. Um plano de negócio de um pequeno empreendimento não deve ter mais de 15 páginas, sob o risco de perder objetividade e incluir informações desnecessárias.

(b) Clareza
O plano deve seguir uma seqüência lógica de etapas e apresentar claramente os pressupostos assumidos. Sua estrutura, como será visto mais à frente, deve facilitar o encadeamento das idéias e o acompanhamento.

(c) Linguagem simples, para ser entendido por não iniciados
A linguagem utilizada no plano deve ser simples e direta, evitando sempre que possível o uso excessivo de expressões técnicas ou rebuscadas. Embora tenha como principal usuário o responsável pelo empreendimento, deve se considerar que muitas outras pessoas terão interesse em compreender o plano, dentre as quais colaboradores e, principalmente, os potenciais investidores. Ao terminar de escrever o plano, podemos solicitar que outras pessoas, menos interadas do negócio, leiam o documento para verificar sua facilidade de compreensão.

(d) Apresentação adequada
A apresentação envolve tanto a objetividade, clareza e linguagem, quanto também aspectos relativos a um visual agradável e atrativo. Utilizar tamanho de letra e espaçamento adequados, inserir figuras que ajudem na compreensão, separar as seções e o acabamento geral – capa, qualidade do papel, encadernação – podem ajudar a tornar o documento mais atraente.

(e) Estilo adequado
Um plano de negócio é um documento comercial. Dessa forma, a linguagem, além de adequada, deve utilizar um estilo compatível com as construções gramaticais utilizadas no meio comercial.

(f) Expor as reais intenções e análises do empreendedor
O plano de negócios não deve ser um instrumento burocrático, escrito apenas para cumprir uma etapa do processo de estruturação do negócio ou para apresentá-lo a um potencial financiador. Defina com clareza e realismo os pressupostos, expectativas e avaliações técnicas consideradas. Deve ser principalmente um instrumento útil de gestão.

Vale a pena transcrever o comentário José Carlos Dornelas, especialista em empreendedorismo.

“A maioria dos planos de negócios resume-se a textos editados sobre um modelo pré-determinado e que não convencem ao próprio empreendedor. Geralmente são escritos como parte dos requisitos de aprovação de um empréstimo, ingresso em uma incubadora de empresas, solicitação de bolsas ou recursos financeiros de órgãos do Governo etc, e que são feitos apenas para esse fim, às pressas, sem muita fundamentação ou, como já foi dito, recheado de números mágicos. Como esperar que convençam a um investidor, bancos, potenciais parceiros, fornecedores, à própria empresa internamente, esses que são, geralmente, os públicos-alvos de um plano de negócios? Deve-se ter em mente que essa ferramenta propõe-se a ser o cartão de visitas do empreendedor, mas também pode ser o cartão de desqualificação do mesmo empreendedor em busca de oportunidades. As oportunidades geralmente são únicas e não podem ser desperdiçadas. E como cartão de visitas, o empreendedor deve sempre ter à mão o plano de negócios de seu empreendimento, elaborado de maneira primorosa e cuidadosamente revisado.”[1]

Fonte: COSTA, Isabel de Sá Affonso da; FILHO, Joaquim Rubens Fontes. Características de um plano de negócio, 2008.

Para obter inf. adicional pode consultar: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_de_neg%C3%B3cios


[1] DORNELAS, J. C. A. Plano de Negócios para Incubadoras. Capital de Risco – Brasil. Finep. Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2006.

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